28/02/2007

O Brilho das Imagens. Pintura e Escultura Medieval do Museu Nacional de Varsóvia (séculos XII-XVI)

Os meus agradecimentos a Susana Tavares do Dep. Comunicação do Museu Nacional de Arte Antiga pelo envio da informação relativa a esta importante exposição. Aqui fica o texto que gentilmente me enviou sobre a exposição.

Os retábulos de altar e as imagens devocionais (pinturas, esculturas e relevos) que esta exposição apresenta foram seleccionados da colecção de arte medieval do Museu Nacional de Varsóvia.

A selecção de peças é bem demonstrativa da evolução das principais expressões criativas e das declinações formais da arte gótica num vasto espaço territorial centro-europeu, surpreendendo não só pela escala e magnificência visual de muitas das imagens, como também pela complexidade dos seus referentes plásticos face a modelos e centros polarizadores (Itália e Flandres) da arte ocidental europeia durante a Baixa Idade Média.

Ora evidenciando um franco acolhimento de influências externas, ora privilegiando linguagens de cariz mais local e vernacular, as obras expostas propõem uma franca percepção das relações entre centros e periferias artísticas num largo período histórico (séculos XII-XVI), estimulando também nesse contexto um diálogo fundamental com a diversidade do próprio acervo do MNAA em pintura e escultura.

A cronologia, a iconografia, o uso ou a função das imagens, ainda que referenciais, não estruturam matricialmente a narrativa da exposição. A optimização das condições de visibilidade de duas disciplinas artísticas distintas, da pintura e da escultura, foi também considerada na organização de dois percursos que pontualmente se entrecruzam.

Se tivermos em conta que num âmbito nacional e internacional a cedência temporária de pinturas e esculturas de idêntica cronologia e de idêntica fragilidade material deixou de ser uma prática recorrente para se transformar num facto singular, a possibilidade de ver um tão relevante conjunto de obras medievais temporariamente retiradas, pela primeira vez, da exposição permanente do principal museu da Polónia, constitui por si só um acontecimento.

A inclusão desta exposição na programação do Museu Nacional de Arte Antiga em 2007 deve-se uma vez mais ao apoio concedido pelo Millennium bcp, seu mecenas exclusivo.

Museu Nacional de Arte Antiga

Rua das Janelas Verdes Lisboa

27/02/2007

Visita do Presidente Lula da Silva ao Uruguai

Depois do Carnaval, começa finalmente o ano no Brasil. Em Brasília, espera-se a reforma ministerial que demora a sair. Enquanto ela não sai não há lugar para lideranças fortes nos diversos setores onde se fala que deverão ocorrer mudanças. Sem esta liderança forte caem por terra as visões de futuro e a gestão passa a ser uma mera manutenção do status quo existente. Resta o Presidente que sabe que não perderá o seu cargo e, não resolvendo para já a reforma ministerial, prossegue com a sua política de estadista, porventura o tipo de posição em que se sente mais à vontade. Nesta segunda, o Presidente Luiz Inacio Lula da Silva, foi limar algumas arestas nas relações com o Uruguai, país vizinho insatisfeito com o Mercosul e que parecia caminhar já em direcção a um tratado de livre comércio com os Estados Unidos. Após a visita, as declarações do Presidente urugaio Tabaré Vasquez indicam que o Uruguai continuará a priveligiar o Mercosul em vez dos Estados Unidos. Isto, juntamente com acordos nomeadamente ligados as áreas da energia e pontes de ligação entre os dois países e ainda promessas muito importantes para o Uruguai de que o Brasil irá procurar facilitar a importação de produtos uruguaios (veremos como essas promessas se materializam), significa que a visita terá sido bem sucedida. No entanto, se o Uruguai é uma das economias mais pequenas da América do Sul, juntamente com o Paraguai, o Brasil também tem regiões inundadas pela pobreza e pela corrupção que requerem imediata e constante atenção. Por isso a reforma ministerial não deve esperar mais visitas de estado ainda que estas visitas possam ser importantes e proveitosas como esta visita ao Uruguai provou ser.

Mais informações em
http://g1.globo.com/Noticias/0,,MUL7620-5601-1324,00.html

21/02/2007

Entrevista Procurador-Geral da República

Absolutamente brilhante, o nosso Procurador-Geral da República! Será, provavelmente bastante criticado mas mostrou ser um diamante no meio da Justiça Portuguesa.

20/02/2007

Blood Diamond - Diamante de Sangue

Talvez a melhor maneira de se apreciar um filme seja entrar na sala de cinema com baixas expectativas. Foi exactamente o que me sucedeu no caso do Blood Diamond. Seja como for, a minha opinião permance inalterada: o filme é brilhante! Nunca me pareceu tão claro que dois actores merecem um óscar: falo de Leonardo de Caprio e Djimon Hounson. As minhas expectativas em relação a Leonardo de Carpio eram baixíssimas e influenciavam claramente a expectativa geral que tinha do filme. No entanto, a actuação de Leonardo de Caprio é um dos pontos mais brilhantes de todo o filme senão o mais brilhante a par com a actuação de Djimon Hounson no papel de actor secundário. Quanto ao conteúdo do próprio filme, fala-nos de tragédia, da tragédia que todos os dias ocorre e que sabemos que ocorre em África, o continente esquecido pelo mundo. A tragédia colocada numa moldura sempre foi algo que me afastou de certo tipo de arte. Fazer arte não deve ser capitalizar sobre o drama e a tragédia que se abate sobre os outros. Esse aspecto aparece simbolizado numa das cenas do filme em que um conjunto de jornalistas desce ávido de uma carrinha para fotografar uma criança que acaba de ser atingida na beira da estrada por um tiro. Todos querem tirar a valiosa foto mas depois ninguem quer levar a criança na carrinha, alegando não haver espaço para mais ninguém. Assumir responsabilidades pela vida dos outros sempre foi mais complicado do que divulgar os problemas. É o que sinto de uma boa parte dos trabalhos assentes nas grandes tragédias existentes à volta do mundo, servem-se da tragédia para valorizar o seu trabalho mas não contribuem em nada para melhorar a própria tragédia em si mesma. Mesmo o facto de chamar a atenção para uma determinada tragédia perdeu o seu valor no mundo de hoje onde as notícias se sobrepõem umas às outras a grande velocidade. Ora nos deparamos com imagens chocantes de alguém a morrer à fome em África, ora logo assistimos a novas mortes no Iraque e pouco depois já estamos a ver mais mortes na Palestina. O resultado é que tudo acaba por ser atraído inevitavelmente para um enorme buraco sem fundo do esquecimento. Os meios de comunicação não nos permitem muito tempo de reflexão sobre os acontecimentos, pois clamam pela nossa atenção constantemente, é o seu trabalho produzir constantemente algo de extrema importância. Cabe aos expectadores, aos receptores de informação parar e reflectir. Só isto pode levar a ganhar maior consciência da informação. Paradoxalmente, chamar a atenção para a tragédia nunca contribuiu tanto para o seu esquecimento como nos tempos de hoje (mesmo admitindo que esse efeito seja totalmente involuntário, claro). Este filme, no entanto surpreende porque é realmente arte, não é só a pura capitalização da tragédia humana. Se tudo corresse normalmente, ninguém mais compraria diamantes no mundo inteiro depois de ver este filme mas isso não irá suceder porque as pessoas logo são bombardeadas com novas tragédias nos noticiários, no cinema, nos documentários, etc, o que fará abater-se um manto de esquecimento sobre a tragédia que os diamantes trouxeram a África.

Assim recomendo este filme apenas e só como uma excelente obra de arte e que, em seguida, cada um se permita tempo (se o puder dispensar para o efeito) para reflectir antes de receber nova informação sobre mais tragédias mundiais!

Aprecie a banda sonora que faz magia no filme, juntamente com imagens e clipes de vídeo neste fantástico trabalho disponibilizado no YouTube.

18/02/2007

A minha outra vida há 500 anos atrás


Queria partilhar esta fantástica descoberta que fiz. Descobri, finalmente, porque é que a minha ligação ao Brasil sempre me pareceu tão forte e porque tenho tb essa forte vontade de descobrir novos mundos, senão vejam este texto que descobri na internet:

"Primeiro de janeiro de 1502. Três naus portuguesas, comandadas por Gonçalo Coelho, chegavam à Baía de Guanabara, durante a primeira expedição exploratória do litoral brasileiro, após o descobrimento oficial do nosso país. Também fazia parte da expedição o navegador italiano Américo Vespúcio, que, mais tarde, daria o nome ao Novo Mundo,Confundindo a Baía, a princípio, com um rio, os navegadores estavam descobrindo um dos patrimônios naturais de maior importância e o mais belo do Brasil. Não é para menos, nela estão o Corcovado e o Pão de Açúcar, os cartões postais mais famosos do país, entre outras belezas da Mata Atlântica. Em dias claros dá até para ver, ao fundo, o Dedo de Deus. Porta de entrada do turismo, a Baía de Guanabara fascina e apaixona visitantes de toda parte do mundo. Desde 1502!"
Não consigo imaginar mais incrível e fascinante visão para o primeiro dia do ano. E foi assim, no meio destes dados, que descobri também a origem do nome dado ao Rio de Janeiro. É que, ao que consta, a princípio, os navegadores portugueses pensaram estar num rio e não numa baía e, claro, decorria o mês de Janeiro. Surgiu assim o belo nome da cidade maravilhosa: Rio de Janeiro.

15/02/2007

Elisete: Um novo mundo de intercepção musical entre Israel e Brasil

(www.elisete.com)

Fiquei muito contente por ser contactado pela Elisete para escrever um artigo sobre a sua música porque adoro o ritmo doce, dançante e alegre da música brasileira e porque a Elisete se propõe fazer algo de realmente inovador, um cruzamento cultural entre Brasil e Israel. Foi com este pensamento que fui experimentando, avidamente, os três CDs que, gentilmente, a Elisete me enviou pelo correio desde Israel. Às vezes a ideia que temos de algo na nossa cabeça difere muito da realidade efectiva das coisas mas este não foi o caso. Aliás, quando o CD Luar e Café começou a tocar, foi como se as minhas ideias prévias se materializassem em realidade ou, mais concretamente, em som. Uma voz feminina suave profere a palavra mágica “Capoeira” e não há mais o que enganar, estamos na terra do berimbau, em Salvador da Bahia, nas raízes de Elisete. Depois, algo que não estamos habituados acontece: a mesma voz baiana que nos fala de capoeira começa a cantar um conjunto de sons em hebraico que nos colocam num lugar novo, por explorar, um lugar onde Israel e Brasil se misturam e se interceptam; é o mundo de Elisete e o mundo que ela nos quer levar a conhecer. Neste universo, o mistério do oriente surge-nos transfigurado pelo ritmo brasileiro. Palavras como Israel, Jerusalem, Palestina, Hebreu, Faixa de Gaza, Judeísmo, Judeus e outras deambulam na mente lado a lado com Brasil, alegria, pandeiro, capoeira, berimbau, Salvador, calor. Embarcamos na viagem e não nos sentimos mais confusos mas antes num lugar confortável e prazeroso.

Para quem não entende hebraico (como é o meu caso) começa a surgir uma pergunta que não quer calar: como será que os israelitas acolhem este ousado projecto, esta ousada música, intromissão do ritmo e da alegria brasileira no mundo da língua hebraica, símbolo da cultura judaica? A resposta a esta questão está na forma acolhedora como a crítica israelita e internacional se refere à música de Elisete. Naturalmente, o povo de Israel como muitos outros povos (talvez mais Israel até do que muitos outros) precisam de alegria num mundo onde, cada vez mais, a tragédia se difunde incansavelmente através dos meios de comunicação ou exposições de fotografia jornalística por esse mundo fora (basta olhar para o lote de fotografias premiadas no World Press Photo, por exemplo). Nesse âmbito, talvez o maior valor que o povo brasileiro tem para exportar é, precisamente, a sua capacidade de alegrar a vida dos outros povos, reduzindo os dolorosos efeitos das tragédias com que o mundo é bombardeado. A alegria e o calor (incluindo, bem-entendido, o calor humano) não são marcas registadas do Brasil em nenhuma Instituição do Mundo mas nem precisam de ser. É com estes bens preciosos e muitas vezes desvalorizados que Elisete ilumina o povo de Israel servindo-se do seu conhecimento da linguagem hebraica e portuguesa e, simultâneamente, do ritmo da sua música e da sua bela voz em músicas de títulos tão sugestivos como Shalom Dikaon (em português, Adeus Depressão) do seu segundo álbum Gaagua (Saudade). Os israelitas disfrutam assim de uma viagem de qualidade, em hebraico e português de doce sotaque brasileiro, através da bossa nova, do soul brasileiro, do samba, da capoeira e até forró. No album Elisete – Remixes, álbum de colaboração com DJs israelitas, fica também bem patente a forma como várias músicas de Elisete se colam bem a ritmos mais electrónicos e mais ousados para consumo nocturno em discoteca.

Parabéns Elisete, por transmitir a essa região, da qual tanto ouvimos falar de tragédias, guerras e rancores, algumas sensações mágicas e preciosas como, por exemplo, o “samba do sofrer” que incita a saber sofrer à brasileiro, ou seja, sambando pela vida!

14/02/2007

Fotografia de telescópio mostra como o sol morrerá

Extracto do site Terra:
"O telescópio espacial Hubble, da Nasa, tirou uma fotografia dos últimos instantes de uma estrela que está morrendo. Segundo os cientistas, a imagem da nebulosa NGC 2440 mostra o que irá acontecer com o Sol daqui a cerca de 5 bilhões de anos. A morte da estrela é antecedida por uma explosão multicolorida [ver foto acima].A estrela fotografada pelo Hubble é muito semelhante ao Sol, disseram os cientistas da Nasa. A NGC 2440 está a uma distância de cerca de 4 mil anos luz da Terra. Com a explosão, a estrela espalha várias camadas de gás que se tornam brilhantes diante de sua luz ultravioleta.

Após a explosão, a estrela se transforma em um astro bem menor, branco, onde a temperatura na superfície ultrapassa os 200.000°C."

Felizmente, o Sol ainda vai continuar vivo e a brilhar por 5 biliões de anos! Aqui está ele, tal com é visto pelos telescópios da Nasa, o mesmo que brilha nas ondas do mar, que nos aquece e que nos proporciona aquela maravilhosa visão do pôr-do-sol:

11/02/2007

Citações dos principais jornais e outros meios de comunicação mundiais sobre o referendo à IVG em Portugal

BBC (Reino Unido) - Portugal 'to legalise abortion'
"Prime Minister Jose Socrates has said abortion will be legalised in Portugal despite the turnout for a referendum being too low to be legally binding."
http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/6350651.stm

Le Figaro (França) - Au Portugal, l'avortement sera légalisé
"C'est une avancée majeure que le Portugal vient de réaliser sur le plan des libertés indivduelles. Entre 57 et 61% des électeurs ont voté en faveur de la dépénalisation de l'avortement, selon divers sondages sortie des urnes."
http://www.lefigaro.fr/international/20070211.WWW000000061_au_portugal_l_avortement_devient_legal.html

La Nación (Argentina) -
Los portugueses votaron en favor de legalizar el aborto
"En un referéndum, más del 57 por ciento de los participantes expresó su voluntad de que se levante la prohibición de esa práctica; ahora es el Parlamento quien deberá tratar la ley"
http://www.lanacion.com.ar/exterior/nota.asp?nota_id=882804&pid=2045982&toi=5269

Sydney Morning Herald (Austrália) - Portugal to legalize abortion, says PM
"Portuguese Prime Minister Jose Socrates says he will ask parliament to lift a ban on abortion despite a referendum on the issue looking likely to fail due to low voter turnout."
http://www.smh.com.au/news/World/Portugal-to-legalise-abortion-says-PM/2007/02/12/1171128845966.html

BBC Brasil
"Os portugueses aprovaram neste domingo em referendo uma mudança na lei do país para legalizar o aborto com até dez semanas de gestação."
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/02/070211_aborto_bocadeurnarg.shtml

Estes são só alguns artigos que surgiram a apenas 3 horas dos resultados do referendo em Portugal serem oficialmente divulgados.

A grande questão após a vitória do SIM: o aconselhamento médico (Juramento de Hipócrates)

A grande questão agora que a luz verde se acendeu para o sim prende-se, sem dúvida, com o tratamento dos médicos perante os novos casos que surgirão em que as mulheres debaixo da pressão de ter de tomar uma decisão sobre abortar ou não, procuram aconselhamento médico. A forma como este aconselhamento ocorrerá não dependerá da legislação, por muito cuidada que ela possa ser mas depende antes dos médicos. Os médicos competentes na área têm um novo desafio pela frente e não resta outra opção que não assumir essa responsabilidade de forma conscienciosa. As convicções pessoais estiveram em jogo no referendo. No consultório deverá prevalecer o direito de todos os pacientes de serem tratados com a máxima competência, isenção e o fundamental direito de decisão com o maior conhecimento possível sobre qualquer acto que diga respeito à vida e ao futuro do próprio paciente. A objecção de consciência não pode ser contrária aos princípios hipocráticos, vinculativos para todos os médicos, inscrita na Declaração de Genebra da Associação Médica Mundial de 1948, onde é dito, entre outras coisas, "A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação":

"Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade.
Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão.
Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade.
A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação.
Respeitarei os segredos a mim confiados.
Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão
médica.
Meus colegas serão meus irmãos.
Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes.
Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza.
Faço estas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra."

SIM à IVG até às 10 semanas

Está aberta a porta que permite uma nova legislação com base na despenalização da IVG até às 10 semanas, em estabelecimento de saúde autorizado em Portugal.

06/02/2007

Festa Luso-Brasileira (Portugal-Brazil 6/2/2007)

Breves: os méritos da discussão do referendo sobre a IVG

Independentemente do resultado do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, a discussão destes assuntos é sempre muito positiva. Uma sociedade que reconhece que tem problemas e os discute é como uma pessoa que reconhece os seus defeitos e procura actuar sobre eles. É o grande passo para nos tornarmos melhores.

05/02/2007

Breves: Sobre as declarações de Manuel Pinho na China

De facto, a mão-de-obra qualificada em Portugal é muito competitiva, com custos de trabalho inferiores aos da União Europeia, como afirmou o ministro Manuel Pinho. Aonde está provavelmente a maior falta de competitividade do nosso país é na classe política. Aí ninguém tem problemas de salários baixos. Basta pensar nos salários e subsequentes reformas e outras regalias de deputados, ministros, autarcas, administradores de empresas públicas, etc (sem falar nos custos da corrupção que é de mais difícil acesso ao resto dos trabalhadores portugueses). Aí é que a "mão-de-obra" sai cara ao país...

04/02/2007

Ser a favor da vida é facil, difícil é assumir a responsabilidade inerente

De um lado está o conceito da vida e do outro a liberdade. Isto é a questão à superfície. Se observarmos um pouco mais fundo o problema verificamos que o conceito de vida está ligado à vida de um feto de até dois meses e meio enquanto a liberdade de que se fala está ligada a uma liberdade de escolha. À partida, toda a gente preferiria ter as duas e, não, ter de escolher entre uma e outra.
Obviamente, os partidários do Sim não são contra a vida e os partidários do Não não são contra a liberdade de escolha das mulheres. O problema é que se impõe uma decisão difícil algures entre os dois conceitos. Os partidários do Sim optam por um mundo onde nasçam apenas crianças desejadas, acarinhadas e amadas pelos seus pais. Esta ideia nasce do profundo enternecimento ao ver casos de crianças abandonadas, crianças a pedir na rua, enfim, crianças sem infância nem futuro.
Para os partidários do Não, por seu lado, pesa mais a vida do feto que se perde no útero da mãe. Apelam ao direito à vida e receiam que a despenalização só traga consigo a morte de mais fetos até às dez semanas. Dizem: "quando as crianças nascerem, tentaremos ajudá-las", dizem que a Igreja ajuda. O facto real é que poucas pessoas realmente ajudam. A adopção está longe de ser uma prática comum porque quase ninguém quer ajudar os filhos perdidos dos outros. Todos preferem um filho legítimo em vez da adopção e as leis actuais de adopção não ajudam. Talvez fosse positivo para todos mas, principalmente, para os partidários do Não, pensar numa lei que impusesse uma adopção obrigatória aos casais com mais de um ou dois filhos. Isso significaria assumir a responsabilidade de cuidar daquelas crianças que, em referendo, assumimos que desejavamos que nascessem. Significaria não só ser a favor da vida mas também assumi-lo com responsabilidade. Ser a favor da vida é fácil, difícil é assumir a responsabilidade inerente.
© Gonçalo Coelho