A grande questão agora que a luz verde se acendeu para o sim prende-se, sem dúvida, com o tratamento dos médicos perante os novos casos que surgirão em que as mulheres debaixo da pressão de ter de tomar uma decisão sobre abortar ou não, procuram aconselhamento médico. A forma como este aconselhamento ocorrerá não dependerá da legislação, por muito cuidada que ela possa ser mas depende antes dos médicos. Os médicos competentes na área têm um novo desafio pela frente e não resta outra opção que não assumir essa responsabilidade de forma conscienciosa. As convicções pessoais estiveram em jogo no referendo. No consultório deverá prevalecer o direito de todos os pacientes de serem tratados com a máxima competência, isenção e o fundamental direito de decisão com o maior conhecimento possível sobre qualquer acto que diga respeito à vida e ao futuro do próprio paciente. A objecção de consciência não pode ser contrária aos princípios hipocráticos, vinculativos para todos os médicos, inscrita na Declaração de Genebra da Associação Médica Mundial de 1948, onde é dito, entre outras coisas, "A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação":
"Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade.
Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão.
Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade.
A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação.
Respeitarei os segredos a mim confiados.
Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão
médica.
Meus colegas serão meus irmãos.
Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes.
Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza.
Faço estas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra."
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