28/04/2007

Debate inusitado - Ségolène vs Bayrou

Numa manobra política inusitada, Ségolène Royal realizou um debate com o candidato centrista já de fora da segunda volta, François Bayrou. A ideia foi mostrar aos eleitores os pontos de acordo e desacordo entre socialistas e centristas. Houve concordância em alguns pontos e discordância noutros mas este debate demonstra desde já uma forte coragem, uma poderosa força de vontade e uma forma de fazer política inovadora de Ségoléne Royal, que pode tornar-se a primeira mulher Presidente da França. São bons atributos. Atributos de alguém com um grande futuro.

25/04/2007

Oscar niemeyer - A vida é um sopro

"Música do Tom na minha cabeça é casa do Oscar" - Chico Buarque. Acho que com esta frase está mesmo tudo dito. Aqui fica a homenagem ao arquitecto que transformou a beleza em arquitectura. Está tudo no vídeo abaixo que consiste no trailer do mais recente documentário "Oscar Niemeyer - A Vida é um Sopro"

22/04/2007

Ainda há esperança para Segoléne!

Está terminado o primeiro round e Ségolène Royal cumpriu o seu primeiro objectivo: passar à segunda volta. Agora, tudo depende dos eleitores de François Bayrou que subiu de 6,8% em 2002 para 18% agora em 2007, segundo as últimas estimativas. Jean Marie Le Pen sofreu um pesado revés baixando de nº2 para nº4 nas intenções de voto dos franceses. Todavia, Nicolas Sarkozy permanece na liderança, mostrando que talvez ainda não seja desta feita que a maioria dos franceses vira o rumo à esquerda.

Seja como for, ainda há esperança para Ségolène e para que tenhamos três mulheres no topo do poder político mundial: na Alemanha com Angela Merkel, em França com Ségolène Royal e Hilary Clinton nos E.U.A.. Este seria um prospecto extremamente interessante, podendo trazer sangue novo à política mundial e um período próspero para todo o mundo (e, provavelmente, menos possibilidades para investidas militares problemáticas como o caso recente do Iraque). Os tempos mudam e agora é tempo de entregar a condução do mundo às mulheres. Para já, Ségolène tem que demonstrar que merece a confiança dos franceses para ganhar a segunda volta.

15/04/2007

Sons de África. Ali Farka Toure, "O DNA dos Blues".

Ali Farka Toure produziu magia através da sua música caracterizada por Martin Scorsese como "O DNA dos Blues". O seu som é conhecido como o ponto de intersecção entre a música popular do Mali e os Blues Norte-Americanos. Quem ouvir com atenção é obrigado a concordar que a definição de Martin Scorsese encaixa perfeitamente na lenda "Ali Farka Touré" que deixou de estar entre nós desde 6 de Março de 2006. O som da sua voz e da sua guitarra, contudo, permanece bem vivo. Tornou-se imortal. Segue-se um extracto da série dirigida por Martin Scorsese sobre os blues.

12/04/2007

Brasileiros campeões mundiais da vaidade. Portugueses ficam com o segundo posto.

Uma pesquisa internacional concedeu aos brasileiros o título de povo mais vaidoso do mundo. Dos brasileiros entrevistados, 87% declararam preocupar-se o tempo todo com o estilo e a aparência.

Os portugueses ficaram imediatamente atrás com o segundo posto nesta escala da vaidade, garantindo a dobradinha lusófona e demonstrando que, nisto da preocupação com estilo e aparência, Portugal e Brasil são lideres mundiais. Seguiram-se os gregos com o terceiro lugar. Os franceses ficaram com o oitavo lugar e os argentinos, em nono. A última classificada foi a população da Noruega.

Os resultados da preocupação com a vaidade, no entanto, dão os seus frutos, como exemplifica de forma magnífica Gisele Bündchen.

11/04/2007

Comentário à entrevista do Primeiro-Ministro José Sócrates na RTP (2): investigue-se!

Depois de ouvir a Quadratura do Círculo, na SicNotícias e a declaração de Marques Mendes assoma-se no espírito a imagem do grito da oposição, pleno de uma ânsia enorme: "Investigue-se!".
"Investigue-se o quê?, perguntam os jornalistas, surpreendidos com o impacto ainda maior do que imaginavam das suas últimas façanhas.
"Pois isso mesmo que vocês lançaram a lume nos vossos jornais, se houve favorecimento, não é isso que têm andado a escrever? Investigue-se, investigue-se, investigue-se! Tem que haver uma investigação!" - responde a oposição.
O primeiro-ministro José Sócrates tirou um curso de Engenharia Civil que levou 6 anos e 55 cadeiras, as últimas 5 das quais feitas na Universidade Independente para que lhe fosse conferida uma equivalência à licenciatura - 6 anos e 55 cadeiras!
"Pois, mas não chega! O importante é investigar! Investigue-se, investigue-se, investigue-se! Tem que haver uma investigação!" - responde a oposição, esfregando as mãos à medida que a imagem da investigação toma forma no reino fértil do imaginário.
Resta ver se os meios de comunicação respondem ao apelo apetitoso de esquecer os verdadeiros problemas do país e continuarão a alimentar toda a polémica com todo o destaque conferido até aqui.

Comentário à entrevista do Primeiro-Ministro José Sócrates na RTP

Numa entrevista com traços perfeitamente inéditos ou, no mínimo originais para uma entrevista televisiva a um Primeiro-Ministro (ou outro qualquer chefe de Estado de qualquer nação) o entrevistado passou em revista de forma detalhada o seu currículo académico, como se de uma entrevista de trabalho se tratasse. Mostrou diplomas académicos, requerimentos, falou dos seus professores e de outras preciosidades como a explicação do cumprimento que gosta para o final das suas cartas: "seu, José Sócrates". Foi assim que o modo de ser da televisão comtemporânea brindou os portugueses com uma entrevista intitulada "2 anos de Governo": com cerca de um quarto do tempo a passar em revista o currículo académico do nosso primeiro-ministro. Mais uma vez imperou a televisão-espectáculo sedente de audiências que garantam a saúde financeira do maior canal público da TV em Portugal. De alguma forma, a população jovem portuguesa, terá, provavelmente, relembrado todas as suas anteriores experiências em entrevistas de trabalho.

No que concerne realmente aos dois anos de Governo, a tarefa saiu até bastante suave e leve para o PM. Questões como a Ota, a reforma da função pública ou outras (a questão do TGV, de enorme importância para o país, por exemplo, foi esquecida por falta de tempo ou por tempo a mais gasto no currículo do PM) careceram de tempo para uma discusão adequada. Provavelmente também devido à ênfase no currículo académico, a entrevista não contou com nenhum entrevistador especialista na área económica, o que poderia trazer bastante interesse acrescido para uma discussão de alguma forma profícua para o aumento do desenvolvimento económico em Portugal. Contas feitas, José Sócrates, segundo vários analistas nacionais o melhor PM de Portugal nos últimos dez anos, limpou a sua imagem e conseguiu mostrar-se determinado, motivado e confiante em seguir a estratégia que o Financial Times hoje elogiou nas suas páginas.

Provavelmente a portagem mais cara de Portugal

Para quem quiser realmente descobrir novos horizontes em Portugal aqui fica uma sugestão: conhecer aqueles que são, provavelmente, os quilómetros de auto-estrada mais caros do país. O roteiro é composto por 68kms de auto-estrada entre Vila Nova de Famalicão e Amarante. O preço é de 5,30 euros - ida (10,60 ida e volta). Feitas as contas, são 0,08 euros por km. Para medida de comparação, do Porto a Aveiro são 72 kms em auto-estrada e o preço é de 3,00 euros segundo o portal da Brisa, ou seja, aproximadamente 0,04 euros/km, metade do preço por km da ligação Vila Nova de Famalicão-Amarante. Fica assim comprovada que esta ligação é uma optima solução para quem quiser passar (como eu passei) pela incrível sensação de ter sido roubado na auto-estrada.

07/04/2007

As polémicas qualificações de José Sócrates

"O primeiro-minsitro José Sócrates planeia prestar um esclarecimento público sobre as condições em que tirou a sua licenciatura" , dizem-nos os meios de comunicação. É legítimo que o PM o faça, já que a questão foi levantada ao ponto de ter colocado em dúvida as suas qualificações e, com isso, de o terem atirado para um manto de descrédito. Todos os cidadãos estão sujeitos a isso, principalmente as figuras públicas, como nos mostra perfeitamente Clara Ferreira Alves na revista Única do Expresso deste fim-de-semana. No entanto, pelo que sei, se fosse realmente decidido que só quem está inscrito nas Ordens pudesse usar os tão-proclamados títulos de advogado ou engenheiro muitos teriam de deixar de usar o título. Afinal o que é mais importante: o título de engenheiro ou o curso de engenheiro?? Se forem realmente os títulos, então as Ordens valem mais do que as Universidades e parece-me que está tudo errado. No entanto, agora o PM não tem outra hipótese senão responder a todas as dúvidas que criaram sobre as suas habilitações e não pode responder à letra o que significaria procurar investigar "as condições em que todos aqueles que escreveram e suscitaram este assunto tiraram as suas licenciaturas e outras qualificações". Agora o PM caiu numa situação em que é julgado na praça pública e em que estará à prova o sentido de civismo de todos os portugueses no sentido de ver até que ponto os portugueses caem na situação de acusar imediatamente o "arguido" (constituído arguido público pelos jornais) sem ter provas e sem que ele se possa sequer defender.

03/04/2007

Retrato Social de António Barreto

Este documentário (que considero de valor histórico) na sua própria concepção para lá dos factos históricos, ilustra três terríveis traços portugueses: o fatalismo, a melancolia e o peso do passado que empurra eventualmente para o pessimismo (o pessimismo, pelo seu lado remete para o fatalismo e este de novo para a melancolia; é um ciclo vicioso). Por isso gostaria imenso que um documentário desta importância e magnitude revelasse um pendor mais positivo e optimista. A própria música de fundo de Rodrigo Leão (não está em causa a qualidade da música) remete para a tríade - fatalismo, melancolia e pessimismo. Na verdade, julgo que seria de uma enorme utilidade para o país, um olhar de confiança no futuro com base numa aprendizagem com os erros do passado e com as suas virtudes (porque também as há demonstradas, por vezes, no próprio documentário). Se há algo que fica perfeitamente demonstrado no valioso "Retrato Social" de António Barreto é que só quem consegue afastar a mente da tríade terrível do fatalismo, melancolia e pessimismo é que consegue olhar para o futuro com a confiança e a força de vontade necessárias para desenvolver e fazer crescer o seu trabalho e a sua vida pessoal. Com isso, eventualmente, todos os portugueses ganham.

02/04/2007

O maior brasileiro de todos os tempos

"Quem você escolhe como o "Maior Brasileiro de Todos os Tempos"?" A pergunta surge na Folha de São Paulo mas são duas as grandes diferenças em relação ao recente concurso da RTP, o canal público português.
1) Lê-se no final: "Atenção: o resultado desta enquete não tem valor de amostragem científica e se refere apenas a um grupo de leitores da Folha Online."
2) Um dos nomes é simplesmente: "O Povo Brasileiro" (muito criativo e interessante)

© Gonçalo Coelho