23/11/2008

A procura da suprema elegância diminui o espírito e o coração

"Não há hoje um francês, por mais banal que seja, que não tenha maneiras, procedimento, linguagem e até mesmo pensamentos supremamente elegantes e nos quais, entretanto o espírito e o coração não tomam parte nenhuma."

Este fim-de-semana li O Jogador de Dostoievsky. Ao ler o trecho acima transcrito, perguntei-me: terá sido quando em Portugal começamos a cultivar a busca da suprema elegância que começamos a perder o espírito e o coração enquanto povo? É que hoje todos sabemos o que fica bem e o que fica mal dizer-se, como fica bem e como fica mal vestir-se, como fica bem e como fica mal ter esta ou aquela atitude, etc. Entretanto, enquanto povo, parece-me que nesse comportamento que visa uma suprema elegância formatada "o espírito e o coração não tomam parte nenhuma", como diz Dostoievsky. Vai-se a audácia, o orgulho, a ambição, o coração, o impulso, o rasgo. Estes ficam reprováveis e criticáveis. E é pena porque são eles que dão colorido ao país. E esperança. Que haja educação, civismo e honestidade! Depois disso que sejamos todos livres de espírito para colorir este país de vida!

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© Gonçalo Coelho