08/02/2006

OPA da Sonae sobre a PT: Comentários sobre um momento histórico da economia portuguesa


Estamos perante um daqueles momentos que se vão tornando cada vez mais frequentes nos dias de hoje, quando a principal notícia dos jornais de economia é também a principal notícia de todos os outros jornais, ou seja, um fenómeno económico domina a actualidade. Dirão os economistas que isto é perfeitamente natural já que o mundo depende da economia e a economia manda de certa forma no mundo em que vivemos.

Uma das grandes novidades em relação a esta OPA é o facto de se passar em Portugal, já que fusões desta magnitude se têm tornado relativamente comuns no mundo dos negócios a nível global. Desse ponto de vista, Portugal atinge um marco em termos económicos que demonstra, apesar do tempo em que vivemos, uma certa vitalidade na economia portuguesa. Devemos agradecer essa vitalidade e esse marco na história da economia portuguesa à SONAE e ao Eng.º Belmiro de Azevedo, o mais brilhante homem de negócios do nosso país.

Dir-se-ia que só existe inquietude da parte de dois grupos de pessoas: os colaboradores da PT e o seu conselho administrativo presidido pelo Dr. Miguel Horta e Costa. As inquietudes prendem-se com o facto de poder perder o seu posto de trabalho no primeiro caso, e o de ser demovido do seu cargo de chefia e de poder, de uma forma um pouco inglória, no segundo caso.

Por outro lado, os consumidores vêem finalmente a luz ao fundo do túnel, no que respeita à aparente inevitabilidade de serem explorados ano após ano pelo monopólio nas telecomunicações da PT. Um monopólio que afecta sobremaneira a evolução do nosso país nos campos das tecnologias informáticas e das comunicações fixas, bem como os bolsos dos portugueses, em troco de um serviço com baixa qualidade.

A PT parecia daquelas empresas que conseguiam dominar a marcha do tempo e só ultimamente começavam a aparecer sintomas de que o tempo e a evolução frenética das mentes produtivas e impiedosas do mundo empresarial também podiam atingir este grupo. Esta é mais uma prova que nos dias de hoje ninguém pode parar no mundo empresarial ou será impiedosamente ultrapassado por outros. O pecado neste caso nem terá sido parar, mas antes andar demasiado devagar e com baixa qualidade e eficiência.

Importa lembrar aqui os japoneses apologistas da melhoria contínua ou KAIZEN, que nos dizem que onde não há problemas, também não há melhoria. Parece que na PT nunca houve problemas. Quando os clientes reclamavam, a PT sempre agia como se não houvesse problemas do seu lado, não se importando em colocar inúmeras vezes os clientes horas e horas à espera de serem atendidos para poderem reclamar. Os responsáveis pela PT não aproveitaram os problemas para melhorar, não seguiram o KAIZEN. O resultado agora é que todos torcem para que estes responsáveis sejam afastados do comando da PT para que outros tomem conta e sigam o KAIZEN para benefício dos clientes, do governo, e do povo português em geral.

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© Gonçalo Coelho