29/08/2008
Crise no Cáucaso
Apesar do modo tendencioso como me parece que a Crise do Cáucaso é apresentada às pessoas aqui no Ocidente, ainda não me convenci que os russos é que são aqui declaradamente os maus da fita e os EUA e a UE é que são os bons. Que necessidade havia da Geórgia atacar a Ossétia do Sul e a Abecázia neste momento? Que papel tiveram os EUA no incentivo dessa acção? Que necessidade havia de colocar mísseis na Polónia voltados para à Rússia, ditos anti-misséis mas que obviamente a Rússia considera ameaçadores? Será que alguem aqui em Portugal achava bem algum dia serem colocados mísseis em Espanha voltados para Portugal, mesmo que fossem chamados anti-mísseis?
Por estas razões acho que a Rússia tem sido estupidamente provocada nos últimos tempos. É como quem anda a provocar constantemente um elefante até que um dia ele se irrita e toma uma atitude.
Mais, o facto da Rússia reconhecer a independência da Ossétia e da Abecázia só veio pôr a nu a hipocrisia da UE e dos EUA ao ter reconhecido o Kosovo na altura e não fazer agora o mesmo. Foi genial da parte dos russos.
13/08/2008
Guerra Rússia-Geórgia: Fantochadas da geopolítica mundial
Parece-me que quem disparou desta feita o primeiro tiro foi a Geórgia apesar de, obviamente, a história ter antecedentes e não poderem estes actos actuais serem apreciados isoladamente na história. Nunca o podem, na verdade. Porém, como a geopolítica internacional está revestida de autênticas fantochadas, a Rússia pode perfeitamente invocar estar a empreender uma guerra preventiva, ou seja, guerra com o intuito de prevenir ataques futuros por parte da Geórgia. O precedente já foi invocado por Israel e pelos EUA inúmeras vezes.
Nada disto, porém importa. A única verdade é que a Rússia quer impôr respeito e a sua influência na Geórgia, bem como no resto do seu perímetro geográfico. O resto é a fantochada de que se revestem as guerras hoje em dia.
Outra fantochada enorme são os Peacekeapers. Agora fala-se de Peacekeapers russos existentes na Geórgia, capacetes azuis com o aval da ONU. Parece que as guerras se burocratizaram hoje em dia. Não há mais soldados e ataques de guerra, mas Peacekeapers e manobras de manutenção da paz. Neste início de séc.XXI as palavras talvez estejam demasiado gastas e prefere-se renovar o seu sentido usando o campo lexical da paz para se falar da guerra.
Como sempre, allheadas a estas fantochadas geopolíticas, estão as vítimas em sofrimento, neste caso os georgianos civis, cujo maior azar é estarem metidos entre interesses russos e americanos e, com um governo, que ao fazer o ataque disparatado que fez, colocou o seu povo, negligentemente e com despeito, em altíssima situação de risco.
A falsa cantora na abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim
Uma cantou e a outra é que apareceu perante as câmaras porque, para que a cerimónia fosse perfeita, era preciso que a voz nas imagens viesse de uma criança bela e mais fotogénica. A imagem da cantora original não foi considerada adequada para um evento de tão grande importância.
É imperioso demonstrar-se que "as nossas crianças" são todas belas e perfeitas. E atenção, isto não me parece que seja problema único da China. Os países querem mostrar ridiculamente, nas cerimónias oficiais, que só têm caras e corpos perfeitos porque é, claro, vivemos num mundo que prefere comer as maçãs mais enceradas e não as mais saborosas. Até as crianças convém que nasçam "enceradas". O problema é que este não é um mundo perfeito, é um mundo com defeitos e, se rejeitarmos o defeito, estaremos a rejeitar-nos a nós próprios como seres humanos, cuja essência é sermos carregados de defeitos.