16/12/2005

PRESIDENCIAIS 2006: Acerca da ideia do candidato a Presidente da República não dever pronunciar-se sobre certos assuntos

As próximas eleições presidenciais apresentam vários pontos de interesse. Do ponto de vista político, a grande questão destas eleições é se um deputado, entrando nas eleições contra o próprio partido, o consegue vencer. Na verdade, se se confirmarem os números de recentes sondagens, Manuel Alegre tem boas hipóteses de passar à segunda volta e nessa altura o PS seria provavelmente forçado a apoiá-lo nessa segunda volta, o que seria um cenário catastrófico para o partido socialista. Por isso começam a surgir os apelos para uma esquerda unida em torno de Mário Soares, embora se saiba que se desaparecerem alternativas na esquerda, algum eleitorado de esquerda poderá ficar em casa no dia das eleições por desinteresse, facilitando a vitória de Cavaco Silva na primeira volta. De qualquer forma se o partido socialista tivesse optado por apoiar Manuel Alegre desde o início teria a tarefa de ganhar estas eleições bem mais facilitada, já que a segunda volta estaria practicamente assegurada.

Mas julgo que o melhor a fazer como eleitor é alhear-me desses problemas do partido socialista, e o mesmo deveria procurar fazer a comunicação social. Não para benefício do referido partido, mas para benefício do país e da sua população. Eu, como eleitor devo preocupar-me mais com o meu futuro e menos com os problemas internos dos partidos. Julgo que como eleitor devo procurar eleger para Presidente da República um candidato que melhor me represente como soberano do país, ou seja que devo procurar um candidato que cujas linhas mestras de orientação do seu pensamento sejam também as minhas. Para isso é preciso haver aqueles momentos em que os candidatos exprimam abertamente as suas ideias e não se refugiem na ideia de que como candidatos a Presidente da República se devem abster de o fazer. Até porque se insistirem em dizer que não se devem pronunciar sobre este ou aquele assunto realmente os portugueses estarão a passar cheques em branco aos candidatos com os seus votos, e os últimos cheques em branco têm sido extremamente custosos aos portugueses.

O dilema na escolha do melhor candidato aumenta quando para além de não se pronunciarem sobre este ou aquele assunto, abordam assuntos de forma demagógica, ou simplesmente para ganho fácil de votos. Por isso julgo que é o dever do povo português de penalizar precisamente estas practicas, não entregando assim o seu voto a quem não se mostrar seguro e confiante o suficiente para abordar os assuntos de frente, mostrando abertamente o que pensa sobre os assuntos-chave, sem evitar matérias. Mais do que nunca precisamos de políticos proactivos e não de políticos que escondam aquilo que pensam sobre as matérias mais importantes simplesmente para as conversas de bastidores. Queremos, temos o direito e precisamos de saber aquilo que os candidatos pensam.

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© Gonçalo Coelho