14/01/2008

Sobre o Abrupto, Pacheco Pereira e o ataque à independência de opinião

Não devemos confundir pessimismo com independência de opinião. Não é preciso (nem nunca será) ser-se um pessimista convicto ou um Velho do Restelo para se ser mais independente. É que quem lê o artigo de Pacheco Pereira no seu blog pode pensar que, hoje em dia, ser pessimista é que é ser independente de opinião, enquanto que ser optimista ou confiante em relação a algo do futuro de Portugal é ser um mero apoiante ou até alguém facilmente domado pelo Governo.
Isto seria um panorama terrivelmente redutor da opinião pública nacional. Como, de uma forma geral, todos gostam de mostrar que são independentes no que pensam, teríamos apenas opiniões pessimistas no país. Isto seria um panorama extremamente parcial da opinião pública. Sei que Pacheco Pereira não pretende este panorama, por isso escrevo este pequeno artigo.
Pessimismo é estado de espírito, não é (nem nunca será) sinónimo de maior ou menor independência de opinião. Seria ridículo que no nosso país, algum dia, só os pessmistas fossem considerados independentes de opinião.
A título de reflexão, veja-se o extracto de uma opinião de Vasco Pulido Valente:
"Entretanto, o país cai, o pessimismo dos portugueses cresce e a economia está praticamente em coma. O ano de 2008 vai ser mau e, provavelmente, péssimo. O cidadão comum sabe que depende do preço do petróleo e do que suceder na América e em Espanha. A insegurança é grande.(...)"
Aqui temos transcrita uma opinião tipicamente pessimista mas, será isto algum pedaço notável de independência de opinião? Não será esta exactamente a mesma opinião que têm todos os partidos da oposição? E que mal tem isso se é o que Vasco Pulido Valente pensa?
Pessoalmente, acho que o importante é escrever de acordo com o que pensamos e acreditamos e não sermos forçados a ser pessimistas ou optimistas para demonstrar ter maior independência de opinião.

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© Gonçalo Coelho