22/08/2007

A fórmula mágica para desculpabilizar tudo e todos

Há uma forma de pensar que confunde e desculpabiliza, no senso comum das palavras quotidianas, as acções mais negativas em sociedade como a corrupção. Exemplos:

- O PSD foi julgado culpado de financiamento ilícito ao partido pela Somague. (Agora vem a desculpabilização mágica) E qual é o problema? Todos fazem o mesmo. São todos iguais.
- O PT foi apanhado no esquema do mensalão de compra ilícita de votos no parlamento. (De novo, o mesmo) Os outros não são melhores. Todos fazem o mesmo. São todos iguais.

Bem sei que são casos de magnitudes bem diferentes, cada um com o seu grau de gravidade e merecedor do seu grau de preocupação mas a fórmula mágica que se ouve, em certos meios, é a mesma, nestes e em muitos outros casos. Utilizar esta fórmula acima evidenciada, como cidadãos, significa passar a classificar valores como a corrupção de aceitáveis em sociedade (por comparação) e esquecer a Justiça. Mesmo se duvidamos do seu bom funcionamento em certos casos, é sempre preferível aceitá-la do que aceitar julgamentos na praça pública. E será que são todos iguais mesmo? Será que não há políticos que não são corruptos? Será que os cidadãos não são, às vezes, condescendentes e até encorajadores (involuntariamente, quero dizer) da corrupção, desculpabilizando e valorizando os corruptos?

Sem comentários:

© Gonçalo Coelho