O Bom Pastor (The Good Shepherd) dá-nos uma versão bastante sombria dos serviços secretos americanos, a CIA, durante a época da Guerra Fria mas, de alguma forma, consegue superar o desafio de trazer alguma coisa mais do que todos esses inúmeros filmes americanos que saíram até hoje sobre o mesmo assunto. Por um lado, dá-nos uma visão alinhada com os acontecimentos de hoje - são visíveis as tentativas de colocar na boca dos actores, analogias entre os tempos da Guerra Fria e os temas actuais como a crise no Médio Oriente ou a Guerra no Iraque. Em segundo lugar, a parte do argumento inteiramente ficcional, de romance propriamente dito, encaixa bem com a parte documental, digamos assim, do resto do filme. No lado de romance do filme, repete-se o velho argumento do marido que não tem tempo para a família por excesso de zelo para com a vida profissional mas, desta feita, há um filho que consegue dar alguma vida ao argumento. No geral, o filme tem bons momentos cinematográficos e artísticos e acaba por ter uma nota bastante positiva e deixar um sabor agradável no final, aquele sabor de que valeu a pena ir ao cinema.
Quem vê este filme, provavelmente será levado a pensar que, com o passar do tempo, cada vez saberemos mais sobre a Guerra Fria, mais sobre o papel da CIA e mais sobre os bastidores políticos dos EUA de uma forma geral. Embora nada disso traga muito de bom para a resolução dos problemas mundiais acutais, servirá com certeza para desacreditar ainda mais a imagem institucional dos EUA (em queda livre a cada dia que passa) e para gerar algum sentimento no cidadão mundial de que quem age mal acaba por ser descoberto e por sofrer consequências gravosas. O lado negativo de tudo isto é que o mundo precisava de uma América sólida e vigorosa para fazer frente às ameaças globais como o terrorismo ou a ameaça nuclear e não de uma América desacreditada e, cada vez mais, debilitada em termos de força política e imagem mundial (agora até já sabemos pela boca de Hans Blix que os factos que conduziram à guerra no Iraque foram forjados com responsabilidades claras de George Bush e Tony Blair e dos seus respectivos governos).
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