Atenção: Este texto que se segue é uma confusa amálgama de pensamentos, do tipo que só acontece quando pomos em palavras exactamente o que nos passa pela cabeça. Prossiga a sua própria conta e risco!
Antes que alguém comece a pensar que isto é realmente confuso, devo assumir que não é tanto assim. Existe um fio condutor deste texto: O Vendedor de Passados (livro de José Eduardo Agualusa) e Chão de Giz (música que estou a ouvir neste momento cantada por Zé Ramalho e Elba Ramalho). Acabei há algumas horas o livro e aptece-me dizer que é fruto de bastante imaginação e criatividade. Esses são dois dos factores que mais me agradam na literatura.
No livro há uma osga que foi um homem numa vida passada e que, em sonhos, é um homem e conversa com outros homens. Os sonhos são o seu escape, no fundo, do corpo limitativo de osga. Os sonhos são, no fundo, o nosso escape da limitativa vida real. Numa parte da narratvia isto é enfatizada pelas palavras da Mãe que diz ao filho que a realidade se distingue do sonho pelo seu lado irremediavelmente doloroso. Ora, nos sonhos tudo se remedeia...É aí que surge também o conceito da mentira como algo que enriquece a realidade. É dito, algures no livro, que a mentira é o ofício de muitos como, por exemplo, políticos, advogados e escritores. O escritor é, assim, o arauto da mentira e do sonho porque precisamos de ambos para enriquecer a realidade. Parece-me um bom ofício o de escritor: salvar o mundo da verdade nua e crua da realidade! (devo acrescentar, em nome próprio, que a realidade contém em si imensa beleza, na natureza como nos próprios seres humanos mas, em todo o caso, ela fica indubitavelmente mais bela se lhe acrescentarmos umas pitadas de maravilhosas e idílicas mentiras e alguns sonhos temerários, sem duvida! E que isto seja o mote para o leitor levantar por uns momentos os pés da Terra, descolar, voar e ficar a vaguear o tempo que quiser por este ou por outros mundos desconhecidos!)
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