Com tudo o que veio a lume depois de ter saído o livro "Eu, Carolina" muita gente se mostra descontente com o estado da Justiça em Portugal. Uns discutem que depois de tudo o que circula nos meios de comunicação já devia ter sido feito muito mais. Gostariam de ver prisões preventivas, acusações formais da parte dos orgãos judiciais a A ou B. É preciso ter muito cuidado com as vozes que se levantam na praça pública pedindo julgamentos sumários com base em alegações que circulam nos meios de comunicação como o caso do livro escrito por Carolina Salgado.
A questão fundamental que devemos ter em conta é: em que país queremos viver? Num país que julga as pessoas automaticamente assim que vêm a lume alegações de que alguem terá cometido este ou aquele acto criminoso ou queremos viver num país que só acusa mediante provas em concreto e julgamentos segundo a lei? Podemos discutir a lei mas queremos viver num país onde a lei não seja escrupulosamente cumprida? Esse é o primeiro ponto. A lei tem defeitos mas deve ser respeitada se queremos viver num Estado de Direito.
O segundo ponto que devemos pensar é: queremos viver num país onde aqueles que cometem crimes não sejam punidos? Queremos viver num país onde a corrupção passe impune? Para isso temos de começar por aquilo que nos rodeia e pelas nossas próprias acções. É importante reivindicar mais e melhor justiça mas não é saúdavel desacreditá-la através de palavras e opiniões mal medidas. É preciso tomar consciencia que a corrupção já existia muito antes do caso Apito Dourado. Se existe um caso Apito Dourado isso é sinal que a Justiça portuguesa está a funcionar e a dar passos no sentido certo e não o contrário. A nomeação de uma equipa para coordenar todo esse processo chefiada por alguém conhecedor e experiente como Maria José Morgado tambem é um importante passo em frente da Justiça Portuguesa. Cada vez que se descobre um ou mais corruptos, muitos são os que dizem que a Justiça vai mal. Estaria melhor se não descobrisse nada?
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