19/10/2006

POLÍTICA PORTUGUESA: A velha estratégia dos últimos governos

Pois é, o ano de 2007 ainda não chegou e, como vem sendo hábito nos últimos dez anos, surge um Orçamento de Estado cujas linhas mestras são as mesmas do costume, independentemente de uma aposta muito positiva na ciência e tecnologia. Quais são essas linhas mestras comuns a todos os Governos dos últimos anos? É preciso baixar a despesa pública, é preciso baixar o deficit público. Por isso, os portugueses terão que compreender que, no próximo ano será preciso apertar o cinto ou pior ainda, "será preciso fazer sacrifícios". Sacrifícios em nome de quem? Em nome de um Estado e de sucessivos Governos e governantes incompetentes? O sacrifício faria muito mais sentido ao contrário. O Governo e os governantes deveriam eles, sim, sacrificar-se mais pelos portugueses. Mas não, sempre se verifica o contrário. Além disso, quando se fala em sacrifícios nunca se fala em sacrifícos de quem muito tem e, por isso, seria, segundo uma ordem racional das coisas o primeiro a quem deveriam ser pedidos maiores esforços. Um exemplo para reflexão: a Noruega aplica uma sobretaxa às actividades petrolíferas. Porque não aplicamos sobretaxas aos bancos, às EDPs, às petrolíferas e outras do género? Parece que a aplicação de taxas a estas entidades se poderá reflectir em preços mais altos dos produtos que fornecem fazendo as classes do costume pagarem na mesma. Foi o que fez a EDP recentemente. Mas porque é que isto acontece? Os lobbys são mais fortes que os Governos? Serão mais fortes que o próprio povo que vota nos partidos e os coloca no poder? Conseguem, de forma encoberta, viver em situação de monopólio? Até quando os portugueses vão permitir que isto continue? Aonde estão os políticos com coragem? Procura-se coragem política.

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© Gonçalo Coelho