07/10/2006

Literatura Actual: Vivemos no tempo da Tragédia ou do Final Feliz?

Que tempo vivemos na Literatura actual? No tempo das tragédias ou dos finais felizes? A maioria dos grandes escritores do passado ficou famosa pelas suas tragédias. As tragédias vendiam bem, na altura, e interessavam os leitores daquele tempo, leitores essencialmente de classes altas cujas vidas eram, por vezes, cobertas de tédio pela falta de dificuldades que nelas pudessem existir. Refiro-me a autores como, por exemplo, Dostoyevsky com o seu Crime e Castigo ou O Idiota, Tolstoi com Anna Karenina ou ainda Stendhal em Vermelho e Negro. Por último temos ainda Goethe com Os Sofrimentos do Jovem Werther, acerca da qual consta que, na época, ocorreu, na Europa, uma onda de suicídios, de tão profundo que Goethe fora em suas palavras.Ou seja, o sofrimento e a tragédia davam profundidade e nobreza à obra. A tragédia era importante numa grande obra. E hoje?Bom...muito gostaria de ouvir mais opiniões e comentários mas parece-me que no Séc. XX tudo mudou e não quero com isto dizer que tudo terá mudado para pior, pelo contrário, julgo que se impôs um panorama, no mínimo mais inspirador, mais belo e mais positivo no Séc. XX.A meu ver, essa grande mudança surgiu através do cinema e saiu da fábrica de sonhos de Hollywood. Foi aí que se descobriu que muitas das pessoas que liam livros ou viam filmes queriam viver sonhos e sonhos com finais felizes, não queriam tragédias, não queriam mais tristezas e desgraças no final. Nos dias que correm, parece-me ocorrer um fenómeno interessante: os críticos de literatura glorificam as tragédias (conforme os cânones antigos) e o grande público continua a prestigiar os sonhos audaciosos com um final feliz. Mas será que basta produzir um filme ou um livro com um final feliz, nos dias que correm? Julgo sinceramente que não. A maior fatia do público também já se fartou dos livros e filmes ocos, do qual saem exactamente como entraram e é hoje muito exigente em relação aos escritores e realizadores. Por isso, a única solução para quem escreve é aplicar-se ao máximo para ter qualidade e esperar que essa qualidade seja reconhecida pelo imenso e variado universo de leitores.

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© Gonçalo Coelho