05/07/2006
França-Portugal - Alemanha 2006 - Considerações na hora do adeus ao sonho!
Chegou a hora do adeus ao sonho. Agora só os italianos ou os franceses se podem sagrar campeões do mundo. A França chega à sua segunda final e a Itália à sexta. Será uma final emocionante e inédita em que tudo pode acontecer.
Quanto a Portugal, pode ficar muito satisfeito com a evolução do seu futebol e com a chegada às meias-finais. A derrota tem sempre um sabor amargo e, depois da derrota, fica sempre a impressão que várias coisas correram mal, embora muitas vezes, estes aspectos negativos só se tornem visíveis pelo valor do adversário. Os dois pontos mais negativos que subiram à tona nesta meia-final, foram a má forma física de alguns jogadores importantes como Pauleta, Deco e Costinha e a falta de contundência do ataque, que se prende muito em inúmeros passes e adornos e consegue poucas chegadas com perigo à baliza adversária para a grande posse de bola conseguida (eterno problema do futebol português, que até demonstrou melhorias neste mundial) .
No entanto, apesar de algumas deficiências da selecção portuguesa só houve uma diferença entre Portugal e a França neste jogo das meias-finais: o penalti que deu o golo à França. O penalti rendeu à França o único golo do jogo e marcou toda a diferença. O golo mudou o cariz do jogo. A França começou a construir todo o seu jogo em torno da defesa desse único, milagroso golo e conseguiu a vitória perante uma equipa portuguesa cujo forte não é reagir perante desvantagens e marcar golos sob pressão, ainda por cima, com um adversário de tanta qualidade a defender como a França.
O final foi muito digno da parte da selecção portuguesa que lutou até ao fim e chegou a levar Ricardo até à área contrária na marcação de um canto no final do jogo. Foi provavelmente o final mais bonito possível dentro da desilusão da derrota.
Fica o sabor amargo de Portugal perder tão perto da final e da conquista da taça e fica uma pergunta no ar: "Porque é que são sempre as mesmas selecções a conquistar a taça?". Porque é que em dezassete edições só há sete campeões?. Embora me pareça muito justa a chegada da França à final, parece-me que a Itália teve o caminho muito facilitado, não só pelo baixo nível dos adversários até às meias-finais mas também pelos árbitros que teve o benefício de encontrar nos seus jogos. É preciso lembrar que houve duas penalidades nítidas contra a Itália e a favor do Ghana que não foram assinaladas, e uma a favor da Itália e contra a Austrália inexistente que foi assinalada. É caso para pensar que se Portugal tivesse tido esse tipo de benefícios certamente teria tido boas chances para chegar à final. Bastava não assinalar esta penalidade a favor da França na meia-final em que Thierry Henri foi tocado e valorizou a falta. Julgo que o peso das camisolas das sete selecções campeãs, é de facto muito grrande mas não tanto para os jogadores como para os árbitros e isto é algo que vem directa ou indectamente de dentro da FIFA, dos ambientes institucionais que rodeiam os árbitros da FIFA.
Uma última nota, que li também no site oficial do campeonato do mundo: "Intriguingly France also disposed of Portugal in the semi-final that year, (EURO 2000) via another Zidane penalty."Ou seja, de forma intrigante, também no Euro 200, no último importante confronto entre Portugal e França, os gauleses eliminaram Portugal também com um penalti convertido por Zidane. Coincidência? Ou será que os árbitros marcam com mais facilidade penaltis a favor das camisolas com mais peso do que a favor das outras selecções com menos história como Portugal, Ghana ou Austália?
Parabéns à França, uma justa finalista. Parabéns a Portugal pelo campeonato que fez. Deixou uma bela imagem.
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